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domingo, 19 de maio de 2013

Corações áridos



Há corações que são terra calcinada, devastada pelos estios. Deixaram-se secar com a falta de rega e não mais reconhecem o olhar jardineiro do tempo. Querer tocá-los é arriscar pisar um jardim que não sabe mais florir. Às vezes vale a pena ensiná-los a desaprender o abandono e permitir que reverdeçam seus galhos secos; que renasçam as tulipas e as orquídeas soterradas sob a aridez da descrença. Às vezes é inútil tentar... Insistir pode cavar os nossos próprios desertos ou fazer-nos habitar geleiras sem que estejamos aptos à solidão ou à indiferença cruel das almas áridas e desabitadas de sol.

Aíla Sampaio