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segunda-feira, 21 de junho de 2010

Relato de um certo Oriente - Milton Hatoum


RESUMO - " Este é o relato da volta de uma mulher, apos longos anos de ausência, à cidade de sua infância, Manaus, num dialogo com o irmão distante. Historia de um regresso à vida em familia e ao mais intimo, no fundo é uma complexa viagem da memoria a uma ilha do passado, onde o destino do individuo se enlaça ao do grupo familiar na busca de si mesmo e do outro. Odisséia sem deuses ou maravilhas de uma pobre heroina desgarrada, cujo destino problematico terri sens fios no enredo de um romance, tramado com calma sabedoria pela mão surpreendente de um jovem escritor. O romance é aqui uma arquitetura imaginaria : a arte de reconstruir, no lugar das lembranças e vãos do esquecimento, a casa que se foi. Uma casa, um mundo. Um mundo até certo ponto unico, exotico e enigmatico em sua estranha poesia, mas capaz de se impor ao leitor com alto poder de convicção. Não se resiste ao fascinio dessa prosa evocativa, traçada com raro senso plastico e pendor lirico : viagem encantatoria por meandros de frases longas e limpidas, num ritmo de recorrências e remansos, de regresso à cidade ilhada pelo rio e a floresta amazônica, onde uma familia de imigrantes libaneses, ha muito ali radicada, vive seu drama de paixões contraditorias, de culpas e franjas de luto ao redor de mortes tragicas. A essa ilha familiar retorna a narrativa como a um ponto de recordações, aberto à atmosfera ambigua de um certo Oriente - espaço flutuante onde velhas tradições religiosas e culturais vieram se misturar às imagens da terra, com a aura do sagrado e o gosto sensual de coisas e palavras. A narração remonta ao passado por lances retrospectivos, pela voz da narradora em que se encaixam outras vozes num coral coeso, lembrando a tradição oral dos narradores orientais : caixa de surpresas, de que saltam as multiplas faces das personagens, num jogo de sombra e silêncio, sob a luz ardente do Amazonas. Nela se guardam as hesitações e lacunas da memoria, o que não se alcança do passado - modo obliquo de se deparar com os limites do conhecimento do outro e de si mesmo, enigma ultimo do ser. Reino de figuras fugazes, mas fortes : Emir, que transita para a morte, levando nas mãos a misteriosa flor em que se cifra seu destino ; o fotografo alemão Dorner, que capta com sua generosa atenção o final simbolico do suicida ; o leitor calado e solitario da Parisiense, velho comerciante arabe, capaz de contar historias parecidas às das Mil e uma noites ; e a extraordinaria Emilie, matriarca e matriz de toda a vida da casa, que traz aninhado no colo o novelo de historias de familia, origem e fim do enredo do romance. Como outros em nosso tempo, é este o relato de uma volta à casa ja desfeita, reconstruida pelo esforço ascético de um observador de olhar penetrante, mas pudoroso, que recorda e imagina. Historia de uma busca impossivel, o romance é ainda uma vez aqui a aventura do conhecimento que empreende o espirito quando se acabam os caminhos. E ai que começam as viagens da memoria. "

 Davi Arrigucci Jr.

A Paixão segundo Shakespeare- Teófilo Silva

Nos nove ensaios que compõem a obra, Teófilo mostra, com apuro estético e a simplicidade dos que têm consciência do uso da linguagem, a visão de Shakespeare sobre as Paixões. Em “A Paixão segundo Shakespeare”, texto que dá título ao livro, ele discorre acerca dos leitores e admiradores do teatrólogo, situa-o no tempo e no espaço, apontando já a atemporalidade de sua criação. Em seguida, abre um capítulo intitulado “Paixão pelo homem”, onde enfoca aqueles que ele considera os mais fortes sentimentos humanos: ‘ Amor’ e o ‘Orgulho’, a que se seguem: “A paixão pela ordem” (O poder e A justiça), “A paixão pela vida” (A amizade), “A paixão por ele” (Freud X Shakespeare e Marx, leitor de Shakespeare), “O fim da paixão” (Entre a vida e a morte). Neste último, ele assinala que o tema da morte é bastante recorrente, fato até natural, já que quase duas dezenas das peças são tragédias, gênero predominante na época. A morte, na obra, segundo o autor de A paixão, representa o medo, o nada o absurdo, a revolta, a ironia, o desespero, a dor, a religiosidade, a transcendência e, ironicamente, a comicidade.
Aíla Sampaio 
P.S.: Para ver o  restante do ensaio é só clicar no texto ou no link acima.