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domingo, 1 de junho de 2014

Um mês sem Nilton Maciel


No mês de abril, postei esse convite sobre o I Encontro Cearense de Literatura Fantástica (ECLF), que ocorreria em Sobral - CE.  Um dos convidados seria o Nilton Maciel. Então, nas datas previstas, um fato chamaria a atenção dos escritores envolvidos: a ausência do Nilton. 
No dia 30/04, descobriu-se que ele havia partindo para o plano celeste. Ele havia compro a passagem de ônibus para a viagem literária no interior do Ceará. O amigo Raymundo Netto, foi o primeiro a tomar conhecimento e levar a triste notícia para os familiares e amigos. 


Um mês se passou, foi em 30 de abril de 2014, desde que chegou a Palma e ao mundo adjacente a notícia do encantamento do escritor e guerreiro de Monte-Mor Nilto Maciel.
Muito se falou sobre isso. Como as pessoas, muitas delas, não o conheciam além das fronteiras de páginas de suas obras, deram a pensar em um certeiro suicídio, pois era escritor e morava sozinho, como se esses elementos se bastassem para justificar o ato.
Outros pensaram e até comentaram sobre a negligência da família em "largar" aquele "grande escritor" sozinho, à própria sorte, o que deixou a sua família, naturalmente já desolada com a perda e a forma inesperada como se deu, ainda mais abalada.
Quero, então, aproveitar o momento para dizer o que digo a todos:
Nilto Maciel foi um afortunado. Viveu como escolheu viver. Mesmo com a insistência da família em levá-lo a Brasília, onde a esposa e a maior parte das filhas (são quatro) residiam, ele OPTOU em ficar no Ceará, terra onde foi gerado, inclusive literariamente, onde reconhecia seu chão. Morava só, porque precisava da solidão para compor, a qualquer tempo e hora, o que quisesse, não estando preso a nenhum compromisso doméstico, ou a coisa alguma. Rejeitou a proposta da família de ter uma doméstica em casa, pelo mesmo motivo. Assim como também recebia a poucas pessoas, e o fazia quando elas traziam conversas sobre literatura, seu mundo particular. Mesmo dessa forma, geralmente, não gostava de "visitas surpresa". [...]
"A Literatura é cachaça que não faz mal. Abraço de um cachaceiro viciado desde menino e que vem se mantendo vivo por isso.(Nilto Maciel, para um leitor)

"Se pudesse, viajaria até Brasília. Mas com medo de avião (agora tenho mais, depois de saber de mortes ocultadas de passageiros com problemas de coração, em voos).
Não quero morrer no ar. Não quero na terra. Não quero morrer na água. Não é justo morrer, como dizia Gabriel García Márquez [morto em 17 de abril de 2014]. Tenho tanto a pensar, a escrever, a ler, a viver!" (dia 21 de abril, menos de 10 dias de sua passagem)

Raymundo Netto 



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